A
concepção de verdade mostra-se contemplativa e não palpável, ao longo da história
o homem tenta definir a coisa mais certa e mais incerta que possa existir, a
verdade. Por um lado, a certeza inconsciente de que a verdade é defina por
atitudes externas a vontade humana, por outro se mostra misteriosa e incapaz de
se externar pela razão humana. Nesta linha duvidosa e imprecisa, o caminho será
traçado para que se chegue a verdade.
Em, Convite à Filosofia, Ed. Ática, São Paulo,
2000, a autora Marilena Chaui, faz um leve circuito entre as concepções
latina, hebraica e grega perpassada no tempo. A linha latina trata a verdade
pelo pressuposto da etimologia de sua palavra, “veritas”, mais profundamente relacionado a veracidade daquilo que
fora narrado fidedignamente, então pode-se concluir que verdade está
relacionado a linguagem. Mas sabe-se que no próprio conceito de linguagem, existem duas linhas distintas
sobre sua concepção de verdade, é verossímil a ideia de essencialíssimo, que
diz que linguagem é objeto que diz da coisa em si e dele faz parte pela
fenomenologia da coisa, mas por outro lado existem os convencionalistas que
determinam a linguagem como algo meramente convencional e que não diz da coisa
em si, mas que por concordata se diz do que aparenta ser. Sendo estes conceitos
uma dualidade para conceber a ideia da verdade propriamente dita. Portanto
dar-se a ideia de que a verdade esta no passado.
A
autora ainda define por uma vertente etimológica grega, aletheia, que surge da definição entre o radical “a” (negação; não) e do sufixo “lethe” (esquecimento). Como define
Platão, em A Republica, o não
esquecimento, portanto o desvelamento do que esta escondido, ou seja, aquilo
que é posto em evidencia, dando ao escurecido a ideia de “Pseudus”, em outras palavras, falso ou dissimulado, esvaziando a
verdade da falseabilidade e da insegurança. Por essa vertente surge a duvida,
será que somente na evidencia clara está a verdade? Será que tudo que não tenho
acesso não possui conteúdo verdadeiro, é somente e exclusivamente falso?
Portanto dar-se a ideia de que a verdade esta no presente.
Por
fim nas definições etimológicas da verdade, Chaui, traz a definição hebraica
que se diz “emunah” e significa
confiança. Carrega consigo desta forma a ideia de que a verdade esta no
cumprimento dogmático de uma promessa assegurada. Por exemplo, Deus e homem,
são a verdade quando garantem e cumprem suas garantias, ou seja, a confiança
como método de indução a verdade, um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são
aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto
feito. Portanto dar-se a ideia de que a verdade esta no futuro, por ser algo
assegurado e cumprido num tempo que ultrapassa a ideia de atual, você promete
para cumprir depois, senão não haveria promessa e sim uma ação real e atual,
presente.
“Aletheia
(grego) se refere ao que as coisas são; Veritas (latim) se refere aos fatos que
foram; Emunah (hebraico) se refere às ações e as coisas que serão”, mas então a
concepção de verdade continua duvidosa ou ela é uma percepção temporal dos
fatos? Wittgenstein, diz que “o mundo é a totalidade dos fatos”, sendo a
totalidade dos fatos, os fatos são assim verdade propriamente dita, mas não
será a certeza destes fatos a verdade, mas a duvida.
A
verdade seria dialética? Partida de uma tese, uma antítese ate se chegar a uma
conclusão? Mas deste pressuposto dialético a conclusão seria uma nova tese e
por assim nasceria uma nova antítese, propalando um aspecto de infinito em sua
concepção. A verdade ficaria por assim dizer, como método temporal como define
a autora, como: passado, presente e futuro, mas a definição propriamente dita
não existiria neste ambiente. Fica-se portanto com a definição do Jesus Cristo
quando Pilatos pergunta: “O que é pois a verdade?”, e Ele em sua imensa verdade
e sabedoria, Silencia. A verdade é pois aquilo que carregamos por certo no mar
infinito do saber.